A Square Enix está se desfazendo de Tomb Raider, Deus Ex, Thief, Legacy of Kain e todos seus estúdios ocidentais, incluindo o Crystal Dunamics e Eidos, por apenas US$ 300 milhões.

O novo grande anúncio na categoria de aquisições caiu na manhã desta segunda-feira e vai surpreender a muitos. A editora japonesa concordou em vender todos os seus ativos ocidentais ao Embracer Group, uma holding sueca que já é dona da Gearbox Entertainment, Koch Media, Saber Interactive e THQ Nordic.

O valor do negócio, 300 milhões de dólares, surpreende quando se lembra que este ano a Sony comprou a Bungie, uma única produtora e dona de uma única propriedade intelectual, por US$ 3,6 bilhões, e a Microsoft chegou a um acordo para comprar a Activision Blizzard por US$ 69 bilhões.

Os ativos ocidentais da Square Enix incluem Tomb Raider, uma franquia ainda muito prestigiada, e estúdios já bem experientes e consolidados como o Crystal Dynamics, Eidos Montreal e Square Enix Montreal.

O comunicado de imprensa da Embracer explica que esta aquisição diz respeito a nada menos que 50 jogos e licenças do catálogo ocidental da Square Enix, além dos três principais estúdios ocidentais da Square Enix, a saber, Crystal Dynamics, Eidos Montreal e Square Enix Montreal. Ao todo, cerca de 1.100 funcionários da Square Enix se mudarão para a Embracer.

Ver a Square Enix se desfazer de sua atividade ocidental por um valor tão baixo parece uma decisão estratégica radical, para dizer o mínimo, mesmo que o CEO da empresa, Yosuke Matsuda, já tenha deixado a IO Interactive e a franquia Hitman escaparem de seu controle de graça em 2017.

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Nos bastidores, a Square Enix vem tentando achar um comprador para seus ativos ocidentais há um bom tempo, sob o entendimento que jogos como Marvel’s Avengers e, em menor grau, Marvel’s Guardians of the Galaxy, foram fracassos comerciais e provaram a dificuldade do grupo de enfrentar o desafio dos AAAs ocidentais.

Para o ano fiscal encerrado em 31 de março de 2021, a Crystal Dynamics obteve um lucro líquido de US$ 3,3 milhões, enquanto a Eidos Montreal obteve um lucro de apenas US$ 647 mil. Como um todo, a Square Enix teve um lucro líquido recorde de US$ 210 milhões no mesmo período, o que comprova que a operação ocidental do grupo tinha pouca relevância nos resultados financeiros.

Mesmo assim é difícil imaginar que a Square Enix tenha desistido tão facilmente de uma licença como Tomb Raider (88 milhões de jogos vendidos, incluindo 38 milhões para a última trilogia), cujo próximo título está em desenvolvimento com o Unreal Engine 5. A série também tem longa carreira fora dos videogames e pode ser um ativo valioso em um momento em que canais de streaming brigam por novas franquias de videogame para filmes e séries.

Para seus acionistas, a Square Enix justifica a venda desses estúdios e licenças para “ajudar a empresa a se adaptar às mudanças em curso no ambiente de negócios global, implementando uma alocação mais eficiente de recursos, o que melhorará a eficiência dos negócios. A economia obtida com a venda desses estúdios e licenças também permitirá financiar “o lançamento de novas atividades com investimentos em áreas como blockchain, IA e nuvem”.

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O Embracer Group, por sua vez, acredita que haverá uma demanda crescente por conteúdo de alta qualidade, especialmente jogos single-player AAA, ao longo da década.

“Estamos muito satisfeitos em receber esses estúdios no grupo Embracer. Reconhecemos o licenciamento fantástico, o talento criativo de classe mundial e a reputação de excelência que eles demonstraram repetidamente nas últimas décadas. Foi com grande prazer que conhecemos a gerência equipes e discutiram seus planos futuros para que possam alcançar suas ambições e se tornar uma parte importante da Embracer”, comentou Lars Wingefors, cofundador e CEO do Embracer Group.

“O Embracer é o segredo mais bem guardado dos jogos: uma coleção enorme e descentralizada de empreendedores dos quais estamos entusiasmados por fazer parte hoje de forma sustentável e evoluir nossas franquias existentes da melhor maneira possível”, acrescentou Phil Rogers, CEO da Square Enix America and Europe.

Finalizada a operação, que deve ocorrer entre julho e setembro de 2022, a Embracer comandará mais de 14 mil funcionários, incluindo 10 mil desenvolvedores em 124 estúdios internos. O catálogo do grupo sueco inclui mais de 230 jogos em desenvolvimento, incluindo cerca de trinta grandes produções, entre elas o próximo Tomb Raider da Crystal Dynamics (que também continua sendo parceiro da The Initiative no desenvolvimento de Perfect Dark), mas também os jogos AAA em preparação na Eidos Montreal, que agora sabemos que também serão feitos no Unreal Engine 5.