A Sony está refazendo o primeiro The Last of Us para o PlayStation 5, mas desistiu de investir em uma sequência de Days Gone, de acordo com fontes ouvidas por um jornalista da Bloomberg.

Em uma matéria sobre os bastidores dos estúdios da Sony, o jornalista Jason Schreier informa que o projeto de refazer The Last of Us estava originalmente em produção no Visual Arts Service Group, uma unidade pequena da Sony, mas esta acabou tendo seu papel reduzido a equipe de suporte no desenvolvimento do jogo, agora assumido pelo criador da série, o Naughty Dog.

A reportagem da Bloomberg se concentra em particular nas atividades do Visual Arts Service Group e, mais especificamente, em suas esperanças frustradas de se tornar um estúdio de desenvolvimento completo. A situação não seria um caso isolado e outras unidades de desenvolvimento na Sony estariam frustradas com o foco da empresa em super-produções e o consequente abandono das ideias experimentais e oportunidades de crescimento das novas unidades de produção.

O Visual Arts Service Group foi fundado em San Diego em 2007 com o objetivo de trabalhar no crescimento de franquias já existentes do PlayStation. Nos últimos anos, ao observar currículos no LinkedIn e interpretar certas ofertas de emprego, os fãs concluíram que uma nova equipe de desenvolvimento completa se formou a partir desse grupo e que o anúncio de um grande projeto parecia uma questão de tempo.

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O artigo diz que esse era mesmo o plano inicial, traçado sob a liderança de Michael Mumbauer, o fundador do Visual Arts Service Group. Mumbauer, como muitos outros membros da força de trabalho, desde então deixou a Sony frustrado pela resistência da Sony Interactive Entertainment em promover aquela unidade a um estúdio de desenvolvimento completo, como o Naughty Dog, Santa Monica ou Sucker Punch.

Tendo ouvido oito ex-membros dessa equipe, Schreier conta que a primeira ideia do Visual Arts Service Group era um remake do primeiro Uncharted. Demasiado ambicioso, o projeto foi posto de lado em favor de um remake de um jogo mais recente, no caso o primeiro The Last of Us.

O plano inicial era refazer o jogo de 2013 com a tecnologia do PS5, e a qualidade gráfica e jogabilidade do segundo capítulo lançado em junho de 2020. Desde então, os planos mudaram, e parece que a Naughty Dog assumiu o desenvolvimento do remake enquanto o Visual Arts Service Group voltou a seu papel de equipe de suporte, falhando em convencer o diretor dos estúdios do PlayStation, Hermen Hulst, da viabilidade econômica do remake.

O diretor do PlayStation Studios teria considerado o projeto muito caro, dado o recrutamento solicitado por Michael Mumbauer e os custos envolvidos em criar um novo motor gráfico para o PS5. Como resultado, o remake foi repassado à Naughty Dog, que hoje trabalha em sincronia com a produção de uma série de TV de The Last of Us pela PlayStation Productions e a HBO.

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Para Schreier, a incapacidade do Visual Arts Service Group de se estabelecer como um novo estúdio AAA reflete o lado cauteloso e conservador da administração da Sony Interactive Entertainment, que prefere dar sua confiança e seu dinheiro a equipes já bem estabelecidas e com histórico de lançamentos de sucesso, enquanto estúdios pequenos ou sem grandes “hits”, como o Japan Studio, estão sendo eliminados.

Mas a cautela da Sony e a preferência por grandes blockbusters hoje afeta até estúdios experientes, como é o caso do Bend Studio, de Days Gone. Apesar deste último ter feito sucesso comercial, sua equipe não obteve o sinal verde para desenvolver uma sequência. O motivo seria a recepção mista da crítica e o longo tempo despendido no desenvolvimento do jogo. Recentemente, o escritor e o diretor de Days Gone, John Garvin e Jeff Ross, deixaram o Sony Bend.

Sem viabilizar Days Gone 2, o Sony Bend foi incumbido de ajudar a Naughty Dog em seu projeto multiplayer para The Last of Us, bem como de iniciar o desenvolvimento de um novo Uncharted sob supervisão do estúdio titular da série, algo que não teria agradado a todos na equipe. O temor sobre a possibilidade de um rebaixamento a unidade de suporte da Naughty Dog por ora não se realizou e o estúdio foi autorizado a investir em um novo projeto próprio, enquanto cuida da versão para PC de Days Gone, que será lançada na metade do ano.

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O comando do PlayStation e seu CEO Jim Ryan têm sido alvos de críticas e desconfiança do público após algumas decisões como o esvaziamento do Sony Japan Studios e o fim da loja de jogos do PS3, PSP e PS Vita. Esta semana também surgiram rumores sobre uma negociação da Microsoft com a Kojima Productions, que poderia tirar outro grande trunfo do PlayStation.