A Sony parece ter abandonado a E3 em definitivo ao anunciar que não irá participar do evento pelo segundo ano consecutivo. Segundo a empresa, a abordagem da Entertainment Software Assoication (ESA) ao evento comercial não combina com os planos da empresa para o PlayStation 5.

“Temos grande respeito pela ESA como organização, mas não sentimos que a visão da E3 2020 seja o local certo para o que estamos focados neste ano”, escreveu a Sony em um comunicado. “Nosso foco é garantir que os fãs se sintam parte da família PlayStation e tenham acesso para reproduzir seu conteúdo favorito. Temos uma linha fantástica de títulos chegando ao PlayStation 4 e, com o próximo lançamento do PlayStation 5, estamos realmente ansiosos por um ano de comemoração com nossos fãs”.

Para 2020, a Sony pretende intensificar sua agenda de eventos globais e participará ativamente de “centenas de eventos de consumidores” nos próximos meses.

Em 2019, quando decidiu ficar fora da E3 pela primeira vez, o ex-presidente do Sony Worldwide Studios, Shawn Layden, disse que a E3 é “uma feira sem muita atividade comercial”. Ele acrescentou: “Junho, agora, é tarde demais para ter uma discussão de feriado de Natal com os varejistas. Então, o varejo realmente minguou. E os jornalistas agora, com a internet e o fato de haver notícias de jogos 24 horas por dia, 7 dias por semana, a E3 perdeu seu impacto em torno disso”.

Enquanto isso, a Microsoft confirmou que estará na E3 2020 como sempre.

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“Nossa equipe está trabalhando duro para a E3, estamos ansiosos para compartilhar com todos que gostam de jogar o que está por vir para nós”, disse o chefe da divisão Xbox, Phil Spencer. “Nossa forma de arte tem sido consistentemente impulsionada pela seção transversal de criatividade e progresso técnico. 2020 é um ano marcante nessa jornada para a equipe do Xbox”.

Segundo rumores, a E3 2020 mudará o foco de evento para a indústria para um “festival de fãs, mídia e influenciadores”. Para isso, a Entertainment Software Association buscará parcerias pagas com influenciadores, mídia e celebridades para criar novidades e FOMO (sensação de medo de perder a novidade).

A viabilidade da E3 vem sendo questionada pelos principais “players” há mais de uma década. Nos últimos anos, a Nintendo deixou de fazer suas conferências ao vivo na E3 e optou por uma transmissão gravada, no formato Nintendo Direct, bem como longas demonstrações ao vivo por streaming no Treehouse Live durante o evento. A EA também se ausentou do centro de convenções da feira nos últimos três anos.

Com o público cada vez mais habituado a acompanhar apresentações por streaming na internet, o conceito de um grande evento que reune as principais empresas do setor em um mesmo espaço físico parece não fazer mais sentido. Além de diluir o impacto de anúncios importantes, que acabam tendo que dividir a atenção do público e imprensa com muitos outros em intervalos de poucas horas, as apresentações na E3 acabaram se tornando uma disputa de egos, irracional do ponto de vista dos negócios, onde quem causa mais impacto e traz o maior número de trailers e anúncios, no final, “vence a E3”.

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Desde o ano passado, a Sony tem se inspirado na Nintendo e focado em transmissões pela internet com o programa State of Play, no qual mostra em 15 ou 20 minutos trailers e anúncios de novos jogos.