Após uma semana atribulada envolvendo um processo na justiça da Califórnia em que é acusada de machismo e discriminação, a Activision Blizzard anunciou que o presidente da Blizzard, J. Allen Brack, está deixando a empresa.

Em declaração no site oficial do grupo, o presidente e COO Daniel Allegre anunciou que Brack partirá “para buscar novas oportunidades” e está sendo substituído por uma mulher, Jen Oneal, que assumirá o cargo em conjunto com o veterano Mike Ybarra, ex-Microsoft.

Oneal só chegou à Blizzard em janeiro de 2021, mas sua nomeação talvez seja vista como uma resposta aos críticos no contexto em que as mulheres são mais afetadas por questões de sexismo, assédio e discriminação. A executiva passou 14 anos na Vicarious Visions, incluindo quase 5 anos como diretora do estúdio, que foi recentemente absorvido pela Blizzard. Já Ybarra trabalhou na Microsoft por 20 anos e foi vice-presidente corporativo de jogos do Xbox, antes de se mudar para a Blizzard em 2019 para se tornar seu vice-presidente executivo e gerente geral.

J. Allen Brack foi nomeado presidente da Blizzard em outubro de 2018 para substituir o CEO histórico Mike Morhaime. Presente na Blizzard desde janeiro de 2006, trabalhou principalmente em World of Warcraft até se tornar seu produtor executivo e vice-presidente.

“Jen e Mike compartilharão a responsabilidade pelo desenvolvimento e a responsabilidade operacional da empresa”, disse Allegre.

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“Ambos são líderes de grande caráter e integridade e estão profundamente comprometidos em garantir que nosso local de trabalho seja o ambiente mais inspirado e acolhedor para a excelência criativa e para manter nossos mais altos padrões de desenvolvimento de jogos”.

“Com seus muitos anos de experiência no setor e profundo compromisso com a integridade e inclusão, estou certo de que Jen e Mike conduzirão a Blizzard com cuidado, compaixão e dedicação à excelência”.

Brack condenou veementemente a gravidade dos fatos relatados contra sua empresa em um e-mail enviado aos funcionários, mas seu nome foi citado na ação judicial do mês passado pelo Departamento de Emprego e Moradia Justa da Califórnia, que acusa a empresa de não lidar com o assédio sexual e a discriminação contra funcionárias.

O processo afirma: “Numerosas reclamações sobre assédio ilegal, discriminação e retaliação foram feitas ao pessoal de recursos humanos e executivos dos réus, incluindo o presidente da Blizzard Entertainment, J. Allen Brack. Mas, os Réus não tomaram medidas corretivas eficazes em resposta a essas queixas”.

Pressionado pelos próprios funcionários da Activision Blizzard, que fizeram uma greve na semana passada em protesto à suposta passividade do comando da empresa ante as alegações de machismo, o CEO Bobby Kotick publicou uma resposta fazendo uma série de promessas de não mais permitir esse tipo de comportamento, sem responder a todas as solicitações dos funcionários.

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Embora a saída de J. Allen Brack não é apresentada como demissão, um dos compromissos de Kotick visava “avaliar os responsáveis ​​e os dirigentes da empresa” com vistas a punir aqueles que não agiram contra as denúncias. Embora muitas alegações sejam anteriores à sua gestão como presidente, um vídeo de 2010 ressurgiu recentemente no qual J. Allen Brack e seus colegas riam de uma observação de um participante da BlizzCon sobre a excessiva sexualização de personagens femininas em World of Warcraft.

Brack também não teria agido com rigor suficiente após relatos de que o ex-diretor criativo sênior de World of Warcraft, Alex Afrasiabi, foi acusado de assediar funcionárias e ter uma suíte em um evento da empresa chamada “Cosby Suite”, em referência a Bill Cosby, comediante americano também acusado de assédio.