Já se preparando para revelar o Xbox Scarlett ao mundo no ano que vem, o executivo chefe do Xbox, Phil Spencer, comentou sobre os erros na desastrosa apresentação do Xbox One em 2013 e revelou que a própria equipe de desenvolvimento do console se sentiu traída pela opção dos executivos da época de focar nos recursos de TV, ao invés dos jogos.

Quando revelou o Xbox One em 2013 através do então líder da divisão Xbox, Don Mattrick, a Microsoft dedicou quase toda sua apresentação a falar sobre como o Xbox One seria um aparelho destinado a melhorar a experiência de assistir TV a cabo na sala de estar. Os jogos, que deveriam ser a principal finalidade de um console, foram praticamente ignorados na apresentação, enquanto os executivos do Xbox mostravam vários exemplos do uso do Kinect 2.0 para assistir e interagir com as transmissões de esportes e filmes.

O Kinect 2.0 foi um fracasso monumental e acabou descontinuado pouco tempo depois, enquanto o hábito de ver TV foi substituído pela onipresente internet e serviços de streaming. Enquanto isso, a Sony agradecia à rival por entregar parte de seu público de bandeja para o PlayStation 4, que propunha o oposto de tudo que o Xbox One ambicionava ser.

Hoje, fazendo uma retrospectiva para o site Gamespot, Spencer admitiu os erros de 2013 e deu mais detalhes sobre o que ocorreu após a fatídica apresentação de 2013.

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“Se você voltar e assistir a apresentação, o que você verá é um evento muito focado no Xbox como uma plataforma de TV”, disse Spencer. “Mostramos coisas como The Price is Right (programa de auditório da TV americana), por exemplo. Na verdade, acho que o primeiro conteúdo que mostramos em um Xbox One foi um programa de TV”.

Spencer disse que o clima entre a equipe do Xbox One ficou ruim após o evento e os funcionários não gostaram do que os executivos decidiram enfatizar.

“Se você fosse um funcionário da equipe Xbox, então você era parte de uma equipe de milhares de pessoas que trabalham no Xbox. Mas há um punhado de pessoas que ficam na frente de câmeras, no palco e falam com o público. Pode haver uma divisão entre ‘Por que essa pessoa está dizendo isso? Esse não é o produto que estou construindo’ ou ‘Por que estamos fazendo isso? Não é o que eu acho que deveríamos estar fazendo'”.

“O feedback que recebemos dos funcionários, talvez dito e não dito, foi: ‘Estamos trabalhando muito duro há dois anos para lançar este produto. Você está no palco neste evento e explode todo o bom trabalho que fizemos ao falar sobre o produto de uma forma que não corresponde exatamente ao que a alma de um console Xbox é e o que nossos clientes estão procurando de nós'”, revelou Spencer.

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“Acho que a equipe ficou decepcionada porque se sentiu traída pela equipe de liderança e eu diria que é a sensação que mais ouvi da equipe. Eu tive pessoas que se emocionaram, como se estivessem lendo os fóruns e as pessoas acusando-nos de sermos desonestos com eles”.

Nos últimos anos, Spencer tem se dedicado a renovar a imagem do Xbox como um console poderoso e com jogos exclusivos atraentes. As aquisições recentes de estúdios importantes como o Obsidian, Double Fine e Ninja Theory mostram que, com o Xbox Scarlett, a Microsoft deve voltar a rivalizar com a Sony em conteúdo exclusivo e o foco da próxima geração será nos jogos desde o início.