Lançado no final de 2019 como uma plataforma que deveria incomodar a Sony e a Microsoft no mercado de consoles, o Google Stadia está mudando seu modelo de negócios e deixará de oferecer conteúdo próprio para focar na tecnologia de distribuição para as próprias editoras de jogos.

As mudanças anunciadas nesta segunda-feira incluem o fim dos dois estúdios internos de desenvolvimento, um dos fracassos mais evidentes da iniciativa. A chefe desta divisão, a ex-Ubisoft Jade Raymond, está deixando a empresa.

Nos quase dois anos de existência, os estúdios Stadia Games and Entertainment produziram apenas jogos casuais de pouca expressão, como GYLT, Orcs Must Die! 3, Submerged: Hidden Depths e Outcasters.

A partir de agora, o foco do Stadia será em parcerias com editoras de jogos que queiram fornecer uma alternativa de compra e uso de seus jogos pela plataforma de streaming. A tecnologia foi, até então, um dos poucos pontos positivos do Stadia e recentemente o serviço se tornou uma das alternativas mais baratas para os jogadores de Cyberpunk 2077 acometidos pelos bugs e má performance do RPG no PS4 e Xbox One.

“Lançamos o Stadia com o objetivo de disponibilizar instantaneamente seus jogos favoritos onde você quiser. Com o recente lançamento bem-sucedido do Cyberpunk 2077 no Stadia e a jogabilidade em todos os tipos de dispositivos, incluindo iOS, aumentando nossa gama de integrações do YouTube e nossas expansões globais, está claro que a tecnologia do Stadia foi comprovada e funciona em escala”, comentou o Google em comunicado nesta segunda-feira.

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“Ter os jogos transmitidos para qualquer tela é o futuro desta indústria, e vamos continuar a investir no Stadia e em sua plataforma subjacente para fornecer a melhor experiência de jogos em nuvem para nossos parceiros e a comunidade de jogos. Esta tem sido a visão do Stadia desde o início”.

Segundo rumores ouvidos pelo site Kotaku, o Google irá cancelar todos os projetos em desenvolvimento em seus estúdios que não estejam em estágio avançado, com previsão de sair em um período determinado de 2021.

O Google continuará a operar o Stadia e seu serviço Stadia Pro com assinatura de US$ 10 mensais, mas a mudança de foco significa o fim das pretensões de concorrer em conteúdo com os consoles tradicionais.

Segundo relatos, os funcionários dos estúdios do Google estariam frustrados com a condução do negócios, que misturava a desorganização e inexperiência da iniciativa similar na Amazon com um orçamento menor.

Juntos os dois estúdios empregavam cerca de 150 pessoas e parte dessas equipes será reposicionada em outras funções no Stadia ou no próprio Google.

“Criar os melhores jogos do zero leva muitos anos e um investimento significativo, e o custo está subindo exponencialmente. Dado nosso foco em desenvolver a tecnologia comprovada do Stadia, bem como aprofundar nossas parcerias comerciais, decidimos que não investiremos mais em trazer conteúdo exclusivo de nossa equipe de desenvolvimento interna SG&E, além de quaisquer jogos planejados a curto prazo. Com o foco cada vez maior no uso de nossa plataforma de tecnologia para parceiros da indústria, Jade Raymond decidiu deixar o Google para buscar outras oportunidades. Agradecemos imensamente a contribuição de Jade para o Stadia e desejamos a ela muita sorte em seus empreendimentos futuros. Nos próximos meses, a maior parte da equipe SG&E assumirá novas funções. Estamos empenhados em trabalhar com esta equipe talentosa para encontrar novas funções e apoiá-los”.

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No lançamento, o Stadia foi oferecido em um pacote Founder’s Edition de US$ 129, que incluía um controle próprio, um Chromecast Ultra (usado para streaming em qualquer TV) e três meses do Stadia Pro, um serviço de assinatura que dava acesso a uma seleção de jogos.