O diretor e escritor de Days Gone comentou sobre os rumores de que a Sony teria desistido de uma sequência para o jogo e deu um conselho aos fãs, recomendando que eles comprem os jogos que gostam pelo preço inteiro e não esperem que entrem em promoção ou fiquem gratuitos no PlayStation Plus.
John Garvin deixou o estúdio Sony Bend no final do ano passado junto do co-diretor Jeff Ross, alimentando especulações sobre o fim das pretensões de tornar Days Gone uma franquia duradoura no PlayStation. Agora, em conversa com outro ex-Sony, o criador de God of War David Jaffe, que fala sobre games em seu canal do YouTube, Garvin ofereceu sua visão sobre o futuro de Days Gone e outros jogos ameaçados pelo alto risco envolvido no desenvolvimento.
Perguntado se ele tinha ouvido algo sobre qualquer “aumento significativo de engajamento” com Days Gone desde que o jogo foi adicionado à PlayStation Plus Collection no PS5, Garvin respondeu: “Eu tenho uma opinião sobre algo que seu público pode achar interessante, e isso pode irritar alguns deles. Se você ama um jogo, compre pelo preço inteiro. Eu não posso te dizer quantas vezes eu vi jogadores dizerem ‘sim, eu comprei isso numa promoção, comprei através do PS Plus, tanto faz'”.
Na sequência, Jaffe perguntou: “Mas como você sabe que gosta de um jogo antes de jogá-lo?”
“Só estou dizendo que não, não reclame se um jogo não tiver uma sequência se não tiver apoio no lançamento”, respondeu Garvin. “É como se God of War tivesse qualquer número de milhões de vendas no lançamento e, você sabe, Days Gone não. [Estou] falando por mim, pessoalmente, como desenvolvedor, não trabalho para a Sony, não sei quais são os números”.
“Posso dizer que quando estávamos fazendo [Siphon Filter] Dark Mirror [para PSP], ficamos tão fodidos no Dark Mirror porque a pirataria era uma coisa e a Sony não estava realmente ciente do que a pirataria estava fazendo com as vendas. E nós mostrávamos a eles os torrents, um site de torrents com 200.000 cópias do Dark Mirror sendo baixadas. Se bem me lembro, os números podem estar errados, mas, independentemente disso, eu estava chateado com isso na época, eu estava tipo ‘isso é dinheiro que sai do meu bolso'”.
“Então, acho que o aumento no engajamento com o jogo não é tão importante quanto ‘você comprou o jogo pelo preço integral?’ porque se você fez isso, isso apoia os desenvolvedores diretamente. Não reclame se não houver sequência se você não comprou pelo preço integral”.
Em outra parte da entrevista de quatro horas, Garvin confirma que sua saída do Bend Studio foi baseada em sua personalidade, ao invés de qualquer coisa a ver com a performance de Days Gone ou quaisquer conversas potenciais para a sequência.
Depois de ser questionado diretamente por Jaffe se ele foi demitido, Garvin respondeu: “Foi um desenvolvimento longo e difícil, seis anos, e trabalhei seis anos duramente. E aqui está, eu adoro trabalhar com hora extra. Eu amo o que faço, então não é grande coisa, mas isso não significa que seja bom para mim. Então, os últimos dois anos que estive longe do estúdio foram uma bênção. Consegui me levantar e fazer o que quero, já escrevi três livros e é apenas uma coisa diferente”.
“Quando você está em desenvolvimento, é uma pressão ininterrupta com marcos, lucratividade e gestão de pessoas… e para ser honesto, no final o que realmente importa é que tivemos algumas discussões acaloradas no ano passado ou algo assim, e eu acabava gritando e dizendo algo como ‘só me dê um pacote para que eu dê o fora daqui’, alguma merda assim”.
“E quando éramos apenas Chris [Reese] e eu em um estúdio muito pequeno, esse tipo de acaloramento era bom, mas quando você chega a um estúdio de 100 pessoas, você não pode ter um dos diretores perdendo a paciência, você sabe. E eu não sou uma grande pessoa de qualquer maneira, e não é como se eles não tivessem tentado. Eu fui colocado em treinamento algumas vezes, tipo ‘ei, aqui está como você sai para almoçar mais com as pessoas e ser um melhor diretor’, e cara, eu simplesmente sou péssimo nisso tudo”.
Mais tarde na entrevista, Jaffe procurou esclarecer se a dificuldade de Garvin em gerenciar pessoas teria resultado em demissão. “Eu, lendo nas entrelinhas, sugeriria que você foi demitido do Bend porque era uma personalidade perturbadora e que trabalhou com uma equipe menor e uma equipe média, mas como os orçamentos e as apostas aumentaram e o número de pessoas que tinham que trabalhar na equipe aumentou, aquela personalidade – pelo menos de acordo com aquela empresa – não era mais adequada, você concorda com isso?”
“Definitivamente”, respondeu Garvin.
O co-diretor de Days Gone, Jeff Ross, também apareceu no programa de Jaffe no início do mês, ocasião na qual confirmou que estava trabalhando em Days Gone 2, mas, devido a um acordo de confidencialidade com seu ex-empregador, não podia confirmar se o jogo tinha sido cancelado.
Recentemente uma reportagem da Bloomberg informou que a Sony havia rejeitado os planos de uma sequência de Days Gone pois o jogo teria recebido muitas criticas negativas, apesar de ter vendido bem.
Days Gone hoje tem uma base de admiradores que tenta pressionar a Sony por uma sequência. O jogo original será lançado para PC em 18 de maio.