Cada vez mais na corda bamba e questionado sobre sua competência pelos fãs, o chefe do Xbox, Phil Spencer, admitiu que o console não consegue mais competir com a Sony e a Nintendo, portanto o foco da Microsoft agora será buscar crescer em um mercado mais amplo.

“Não estamos no negócio de superar a Sony ou vender mais consoles que a Nintendo. Não há realmente uma grande solução ou vitória para nós, e sei que isso vai incomodar muitas pessoas, mas é apenas a verdade da situação”, admitiu Spencer em conversa com o podcast Kindafunny.

“Quando você está em terceiro lugar no mercado de consoles e os dois primeiros jogadores são tão fortes quanto eles e têm, em certos casos, um foco muito discreto em fazer negócios e outras coisas, isso torna o Xbox difícil para nós, como um equipe”, comentou o chefe do Xbox.

Spencer atribuiu parte da responsabilidade pela situação atual ao fracasso do Xbox One na geração passada, e contrariando o desejo de muitos fãs, disse não acreditar que a produção de grandes jogos servirá para reverter a situação.

“Vejo comentários de que, se você apenas criar ótimos jogos, tudo mudará. Não é verdade que se sairmos e criarmos ótimos jogos de repente veremos uma mudança dramática na fatia de mercado do console. Perdemos a pior geração que se podia perder com o Xbox One, onde todos construíram sua biblioteca digital de jogos. Então, quando você for e estiver construindo no Xbox, queremos que nossa comunidade do Xbox seja incrível. Mas essa ideia de que se apenas nos concentrássemos mais em grandes jogos em nosso console, de alguma forma venceríamos a corrida dos consoles, acho que não condiz com a realidade da maioria das pessoas”.

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Para os esperançosos em Starfield como o salvador do Xbox, o próprio Spencer cuidou de precavê-los e tirar o peso sobre as costas da Bethesda ao comentar que não importa o quão bom o jogo seja, ele sozinho não mudará a posição do Xbox perante a concorrência.

“Não há mundo em que Starfield seja nota 11 em 10 e as pessoas comecem a vender seu PS5. Isso não vai acontecer”, disse o executivo.

O futuro do Xbox aponta para um caminho que não será aquele dos sonhos dos fãs mais antigos e Spencer já explicou em outras ocasiões que o objetivo da Microsoft agora é ampliar o negócio a um público mais amplo, que está na maior parte nas plataformas móveis.

Em novembro passado, Spencer disse ao podcast Decoder que o Xbox teria dificuldade em continuar existindo se a Microsoft permanecesse “irrelevante” nos celulares.

“A menor tela em que tocamos é, na verdade, a maior tela quando você pensa na base instalada do telefone”, disse ele. “Esse é apenas um lugar onde, se não ganharmos relevância como marca de jogos – não estamos sozinhos nisso – com o tempo, o negócio se tornará insustentável para qualquer um de nós. Se não formos capazes de encontrar clientes em telefones, em qualquer tela em que alguém queira jogar, você realmente será segmentado para um nicho de jogo que administrar um negócio global se tornará muito desafiador”.

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“Como uma porcentagem do negócio geral de jogos, o negócio de console está diminuindo, porque o negócio geral está crescendo e o console permanece relativamente estável. A mesma coisa com o PC”, comentou Spencer.

“Temos essa visão única porque vemos o que os criadores querem fazer. Os criadores querem criar jogos que possam atender jogadores em qualquer tela, as pessoas jogam com seus amigos independentemente da outra tela em que estejam, e o console é o núcleo da marca Xbox, sem dúvida, então vamos nos concentrar em fazer certeza de que a experiência do console é incrível. Mas sei que algumas pessoas querem nos considerar apenas uma versão verde melhor do que os caras azuis fazem, e só vou dizer que não há uma vitória para o Xbox em ficar na esteira de outra pessoa. Temos que sair e fazer nossas próprias coisas, com o Game Pass, com as coisas que fazemos com o xCloud e a maneira como construímos nossos jogos”.

Neste contexto, a aquisição da Activision Blizzard seria um passo fundamental para a inserção do Xbox no mercado de jogos para plataformas móveis, já que a King, produtora de Candy Crush, é uma marca com grande presença no segmento. O negócio porém foi barrado pela decisão recente do regulador do Reino Unido, que viu uma ameaça à competição justamente nas ambições da Microsoft para os jogos em celulares e na nuvem.

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Em fevereiro, documentos da Microsoft, Sony e Nintendo compartilhados com a reguladora CMA do Reino Unido mostraram que o Xbox tem algo entre 10% a 20% do mercado global de consoles, ante 40% a 50% do PlayStation e 30% a 40% da Nintendo.