A Sony optou por não comentar sobre um possível aumento de preço do PlayStation 5 por enquanto, embora tenha recentemente elevado o valor de vários itens de sua linha de eletrônicos, como câmeras, home theater e alto-falantes.

Perto de completar dois anos no mercado, o PlayStation 5 ainda está sendo seriamente afetado pelos gargalos na produção de componentes e agora enfrenta mais um grande desafio: o aumento global de preços que envolve desde matéria prima à distribuição.

Durante uma teleconferência de resultados do primeiro trimestre nesta sexta-feira, o diretor financeiro da Sony, Hiroki Totoki, foi perguntado sobre a possibilidade do PS5 ser o próximo item a sofrer uma remarcação para cima no preço ao consumidor.

“Sobre um potencial aumento de preço para o PS5, neste momento não há nada específico que eu possa compartilhar com você sobre preços”, foi a resposta do executivo.

Vários analistas têm previsto que produtos de tecnologia que dependem de semicondutores devem ficar mais caros à medida que os fabricantes de chips repassam seus custos maiores.

Em maio, o analista da Forrester, Glenn O’Donnell, disse à CNBC que esperava que os preços dos chips subissem cerca de 10-15% no próximo ano.

“Os fabricantes de chips enfrentam seus próprios problemas de oferta crescentes que são exacerbados pela guerra na Ucrânia. E a demanda permanece alta enquanto a oferta permanece restrita”, disse ele. “Os preços da energia também estão em alta, incluindo a eletricidade. A fabricação de chips requer uma enorme quantidade de energia elétrica”.

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A previsão do analista é de inflação nos preços de PCs, carros, brinquedos, eletroeletrônicos, eletrodomésticos e muitos outros produtos nos próximos meses.

“As margens já estão apertadas nesses produtos, então eles não têm escolha a não ser aumentar os preços”, disse O’Donnell.

Syed Alam, líder global de semicondutores da Accenture, também disse à CNBC que “produtos que usam chips mais avançados, como GPUs (unidades de processamento gráfico) e CPUs de ponta (unidades de processamento central), provavelmente aumentarão de preço”.

O cenário atual já refletiu negativamente nos resultados do primeiro trimestre divulgados hoje pela Sony. A empresa revelou que a divisão de serviços de jogos e rede da empresa teve queda nas vendas e no lucro operacional após um declínio significativo nas vendas de software.

Foram vendidas 2,4 milhões de unidades PS5 durante os três meses encerrados em 30 de junho, o que é menos do que o esperado, mas a empresa disse que não houve mudança em sua previsão anunciada anteriormente de 18 milhões de vendas de consoles para o ano fiscal.

Segundo o diretor financeiro da Sony, a empresa segue sendo incapaz de enviar quantidades suficientes do PS5 para atender à demanda do consumidor, como tem acontecido desde o lançamento do console em novembro de 2020.

“Houve duas grandes restrições que nos foram impostas. Uma era a disponibilidade de peças e componentes, a outra era a cadeia de suprimentos. Com a disponibilidade de peças e componentes, há muitas melhorias, então estamos muito esperançosos, bastante otimistas sobre isso”.

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“Para a interrupção da cadeia de suprimentos, sofremos um grande impacto no primeiro trimestre. No primeiro trimestre, o volume de vendas de hardware foi bem menor do que esperávamos no início do ano, então a interrupção da cadeia de suprimentos é algo que esperamos que seja completamente resolvido”, disse Totoki.

Um aumento de preço do PS5 seria algo sem precedentes na história do PlayStation, já que nas gerações passadas o custo de fabricação dos consoles sempre foi decrescente e o preço para o consumidor seguia esse movimento. Para o PS5, o cenário mais otimista seria de estabilidade do preço e sem possibilidade de introdução de um modelo Slim tão cedo.