Da mesma forma que a Nintendo garantiu a franquia Call of Duty pelos próximos 10 anos sem ter que mexer um dedo, a Ubisoft está emergindo como uma beneficiária colateral das grandes manobras da Microsoft para aprovar a aquisição da Activision Blizzard no Reino Unido.

Em sua mais nova tentativa de destravar o último grande obstáculo imposto ao negócio, no caso pela autoridade britânica da concorrência (CMA), que vetou a aquisição por enxergar uma posição de monopólio em serviços de distribuição na nuvem, a Microsoft anunciou acordos com diversas empresas de nuvem (Nvidia, Boosteroid, Ubitus, Nware), mas nada convincente o suficiente. Agora, a oferta foi mais ousada e a empresa concordou em ceder à Ubisoft os direitos de distribuição dos jogos da Activision Blizzard por streaming pelos próximos 15 anos.

“Hoje estamos dando mais um passo importante em relação a esta transação”, afirmou a Microsoft em comunicado. “Para abordar as preocupações sobre o impacto da aquisição proposta no streaming de jogos em nuvem levantadas pela Autoridade de Mercados e Concorrência do Reino Unido, estamos reestruturando a transação para adquirir um conjunto mais restrito de direitos”.

“Isso inclui a execução de um contrato efetivo no fechamento de nossa fusão que transfere os direitos de streaming na nuvem para todos os jogos atuais e novos da Activision Blizzard para PC e console lançados nos próximos 15 anos para a Ubisoft Entertainment SA, uma editora líder global de jogos. Os direitos serão perpétuos”, explicou a empresa.

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“Como resultado do acordo com a Ubisoft, a Microsoft acredita que sua proposta de aquisição da Activision Blizzard apresenta uma transação substancialmente diferente sob a lei do Reino Unido da transação que a Microsoft apresentou para consideração da CMA em 2022. Como tal, a Microsoft notificou hoje a transação reestruturada ao CMA e antecipa que os processos de revisão do CMA podem ser concluídos antes que a extensão de 90 dias em seu contrato de aquisição com a Activision Blizzard expire em 18 de outubro”.

“Sob a transação reestruturada, a Microsoft não estará em posição de lançar os jogos da Activision Blizzard exclusivamente em seu próprio serviço de streaming em nuvem – Xbox Cloud Gaming – ou de controlar exclusivamente os termos de licenciamento dos jogos da Activision Blizzard para serviços rivais”.

Se a proposta for aprovada, portanto, a Ubisoft poderá oferecer todos os Call of Duty, Diablo, Candy Crush e outros títulos produzidos nos próximos 15 anos através da Ubisoft+. Isto, é claro, se esses jogos forem tecnicamente adequados para serem distribuídos por streaming.

De qualquer forma, a Microsoft dá à CMA a garantia de que não será a única que pode usar os jogos da Activision Blizzard em benefício de sua própria assinatura do Xbox Game Pass. Aliás, também podemos deduzir por este plano que a Microsoft não planeja comprar a Ubisoft, pelo menos não nos próximos 15 anos.

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Como se não bastasse a oportunidade de um impulso inesperado à sua assinatura Ubisoft+, a editora francesa terá ainda o direito de conceder licenças a empresas de jogos na nuvem, prestadores de serviços e fabricantes de consoles, tudo sem qualquer prazo de validade, embora limitado aos jogos lançados nos próximos 15 anos.

A CMA deve tomar a decisão final sobre o negócio até o dia 18 de outubro de 2023.