O presidente da Nintendo of America, Doug Bowser, seguiu as lideranças da Sony e Microsoft para se expressar publicamente contra a administração da Activision Blizzard, e mais especificamente o CEO Bobby Kotick, acusado não apenas de encobrir funcionários culpados de assédio, mas também de ter abusado de sua posição para ameaçar uma assistente.

Em um email divulgado internamente e estendido aos estúdios parceiros Retro Studios e Next Level Games, o presidente da divisão americana da Nintendo condenou os episódios de assédio na Activision e disse estar conversando com executivos da ESA (Entertainment Software Association) e da própria Activision para assegurar que medidas adequadas serão tomadas.

“Como todos vocês, tenho acompanhado os últimos desenvolvimentos em relação à Activision Blizzard e os relatórios contínuos de assédio sexual e toxicidade na empresa”, diz o e-mail de Bowser.

“Acho esses relatos angustiantes e perturbadores. Eles vão contra os meus valores, bem como as crenças, valores e políticas da Nintendo”, começa Bowser, cuja postagem segue enfatizando que a Nintendo continua comprometida em cultivar um local de trabalho inclusivo e que a empresa espera que o resto da indústria e seus parceiros façam o mesmo.

Embora a Activision Blizzard seja um parceiro menos crucial para a Nintendo do que para o PlayStation e Xbox, dada a ausência de Call of Duty no Switch, a editora ainda lançou uma série de jogos para o console da Nintendo, como Overwatch, Diablo 3, Crash Bandicoot 4, Tony Hawk’s Pro Skater 1 + 2 e mais recentemente Diablo 2: Resurrected.

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Quatro meses após o início dos problemas para a Activision Blizzard, quando muitos funcionários acusados de assédio e machismo já haviam sido demitidos e a poeira começava a baixar, o jornal Wall Street Journal trouxe novas denúncias, desta vez envolvendo o CEO Bobby Kotick, que teria ignorado casos envolvendo funcionários antigos da empresa e ele próprio ameaçado uma funcionária.

Bobby Kotick é mais especificamente acusado de ter protegido Dan Bunting, ex-codiretor da Treyarch acusado de assédio sexual, enquanto o departamento de RH havia decidido, dois anos após os fatos, que ele deveria ser demitido.

Em outro episódio ocorrido em 2006, Kotick teria enviado uma mensagem agressiva e ameaçadora a uma funcionária do Sledgehammer Games, outro estúdio de Call of Duty, que teria sido estuprada por um supervisor, Javier Panameno, em 2016 e 2017, levando um acordo extrajudicial. O executivo rapidamente se desculpou há 16 anos “pela mensagem de voz obviamente hiperbólica e inadequada, e da qual ele lamenta profundamente o exagero e o tom até hoje”.

A investigação provocou reações de Jim Ryan, do PlayStation, Phil Spencer, do Xbox, e agora de Doug Bower, colocando a Activision Blizzard em uma situação única e desconfortável, para dizer o mínimo, de estar na mira dos três fabricantes. Por sua vez, a ABK Workers Alliance, associação de trabalhadores da Activision Blizzard, lançou uma petição para exigir a renúncia de Bobby Kotick e obteve mais de 1.800 assinaturas até o momento.

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A ABK Workers Alliance também demanda o aumento da porcentagem de mulheres e pessoas não binárias na força de trabalho até atingir 50% da força de trabalho no grupo, de desistir da arbitragem compulsória de queixas por assédio sexual ou discriminação e ir mais longe para aumentar a igualdade de remuneração entre homens e mulheres.